Sentir sede é uma necessidade fisiológica tão comum que está ligada a um dos hábitos mais importantes para a sobrevivência do ser humano. Mas pode ser, também, um sinal tardio de que o organismo está ficando desidratado.
Quando o corpo sente falta de água, ele emite um sinal para o cérebro, que provoca a necessidade de ingerir líquidos ao mesmo tempo em que faz com que o corpo passe a reter a maior quantidade de água possível.
Segundo o gastroenterologista e coloproctologista, Dr. Henrique Perobelli, não devemos esperar sentir sede para nos hidratar. “A partir do momento em que o corpo pede água, isso significa que já existe um processo de desidratação em andamento, que pode gerar inúmeros problemas à saúde”, destaca.
A água representa cerca de 60% do peso de uma pessoa adulta e é o elemento mais importante do nosso corpo, explica o médico. “Dela dependem todas as reações químicas do organismo, além de estar presente no sangue, nas secreções do corpo, nos sistemas digestivo, respiratório e nervoso, na pele e, até mesmo, nos nossos ossos e articulações.”
O especialista destaca que a desidratação sobrecarrega os rins, uma vez que a água existente no corpo se desloca até a corrente sanguínea para ajudar a manter o volume sanguíneo e a pressão arterial, fazendo com que os tecidos ressequem e o funcionamento das células fique comprometido.
“Consumimos cerca de 500 ml de água na respiração e mais 1500 ml no processo digestivo. Se não ingerirmos ao menos 2000 ml de água por dia, viveremos sempre no vermelho”, alerta.
Com o avanço do quadro, os órgãos internos sofrem danos graves, sobretudo os rins, fígado e cérebro. “Nesse estágio, as pessoas sentem tontura, confusão mental e podem entrar em coma caso não recebam o tratamento adequado”, explica o médico.
Dr. Henrique ressalta que, quando uma pessoa interrompe a ingestão de água completamente, entre 3 e 5 dias a desidratação fará com que o organismo pare de funcionar.
Além disso, a falta constante de água no corpo, que os especialistas chamam de desidratação crônica, pode contribuir para o desenvolvimento de diabetes, problemas digestivos e intestinais e colesterol alto, entre outras condições que impactam a saúde.
Riscos para idosos
Entre os que mais sofrem os efeitos da desidratação estão os idosos. Dr. Henrique afirma que o Alzheimer, o AVC ou as doenças reumatológicas, por exemplo, fazem com que o idoso tenha mais dificuldade ou se esqueça de ingerir líquido suficiente para manter-se hidratado.
“Até mesmo aqueles que não possuem doenças ou qualquer limitação motora podem apresentar algum quadro de desidratação, pois os idosos sentem menos sede do que os jovens”, destaca o coloproctologista.
Ele reforça a importância de fazer o acompanhamento constante, oferecendo água fresca e alimentos como frutas e legumes, que possuem bastante água em sua composição.
Essa dica vale para todos. A nutricionista Lígia dos Santos explica que muitas pessoas acabam ingerindo menos líquido do que deveriam por não gostarem de beber água pura. “Nesses casos, orientamos acrescentar uma rodela de limão ou lima, por exemplo, ou de outros alimentos (abacaxi, melão, folhas de hortelã ou gengibre) que ajudem a deixar o sabor mais atrativo.”
Os especialistas alegam que não há uma regra exata sobre a quantidade de água a ser ingerida por dia. “Antigamente se falava em 8 copos por dia, mas a quantidade necessária vai depender de fatores como tamanho corporal, hábitos diários, prática de atividades físicas, clima do local em que se vive, entre outros. A literatura recomenda, em circunstâncias normais, cerca de 1ml/kcal para adultos ou 35 ml/kg de peso corpóreo”, explica Lígia.
De acordo com Dr. Henrique, a quantidade ideal de água depende da constituição física de cada indivíduo. “Um fator importante a se atentar é o fluxo urinário e a coloração da urina. Quanto maior o volume e mais clara está urina, mais hidratado você está”, finaliza.
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