Fosse um desafio linguístico, desvendar a palavra cronotipo não seria a tarefa mais difícil. O termo vem do grego: crono é a variação de khrónos, o tempo cronológico; e tipo, de typos, que faz referência à tinta.
Numa leitura livre, o cronotipo de cada pessoa corresponde à escrita do tempo individual, ou, a maneira como cada um se adapta às 24 horas do dia.
Enquanto o corpo tem respostas fisiológicas programadas para o decorrer das horas, sendo guiado, principalmente, pela luminosidade e exposição aos raios solares que ativam tanto a vitamina D, levando ao despertar, quanto a liberação de melatonina, que sinaliza a hora de dormir, o cérebro pode responder num timming diferente.
Cedo-tarde-muito-tarde
Segundo a ciência, é o cronotipo que explica a facilidade que determinadas pessoas têm para acordar muito cedo e serem produtivas ao extremo logo nas primeiras horas do dia, enquanto outras não conseguem, sequer, formular um pensamento lógico assim que saem da cama. Segundo o Instituto Internacional de Melatonina (IiMEL), da Universidade de Granada, na Espanha, a sincronização do ritmo circadiano é dividida em três classificações:
Matutino: em geral, pessoas que dormem entre as 22h e 6h. Têm o pico da produção de melatonina antes da meia-noite. São aqueles indivíduos que pulam da cama e já estão super produtivos.
Intermediário: dormem, geralmente, entre 00h e 8h. O pico de melatonina é registrado por volta das 3h da manhã. Segundo o liMEL, metade da população se enquadra nesse perfil.
Vespertino: noturnos, dormem de madrugada, às 3h e acordam só às 11h. A melatonina atinge o auge de liberação por volta das 6h. Para eles, o descanso precisa ser prolongado.
A responsável por essa liberação da melatonina é a glândula pineal, que fica no centro do cérebro. O pico ocorre a cada 24 horas e zera a contagem interna do organismo para um novo dia.
Ajustar é preciso
Embora o perfil de cada indivíduo seja diferente, o corpo humano foi programado num “sistema padrão” e alguns fatores – justamente como a hora de ir para a cama – podem prejudicar o ciclo circadiano.
Outros pontos que podem interferir no relógio biológico são o horário de trabalho em turnos ou horas predominantemente noturnas, refeições pesadas no final do dia, fazer viagem que envolve mudanças de fuso horário e até mesmo o início ou término do horário de verão.
“Isso leva ao aparecimento de sintomas como cansaço, perda de concentração, dor de cabeça, irritabilidade, entre outros”, pontua a médica psiquiatra e professora, Laís Cesar.
Por isso, a orientação é ajustar a rotina de forma a otimizar o pico de produtividade, sincronizando o ciclo circadiano. Evitar dormir tão tarde é o caminho para não prejudicar o período da manhã – janela temporal em que a exposição aos raios solares auxilia na marcação do ritmo biológico, ajudando a estabelecer um padrão de sono saudável.
“Nos conhecer em nossas potências e funcionalidades, nos acolher nas nossas individualidades e nos adaptar ao que nossa natureza orquestra é um passo lindo para potencializar nossa saúde e desempenho físico e mental”, conclui a professora.
Bom lembrar
A ciência classifica a tendência de dormir em horários específicos em três categorias. Os chamados cronotipos incluem os indivíduos que se sentem mais dispostos pela manhã, pela tarde ou à noite.
A explicação da motivação em determinados períodos do dia está ligada à liberação de melatonina, marcada por picos que variam conforme o organismo de cada grupo.
Embora os marcos de produtividade ocorram em janelas temporais distintas, o ciclo circadiano que divide o funcionamento do corpo ao longo das 24 horas tem gatilhos hormonais que independem desse timming. Por isso, o ideal é ajustar a sua rotina a partir da identificação desse padrão a fim de otimizar sua performance.
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