Especialista afirma que tempo dedicado ao ócio é desvalorizado e destaca importância do mesmo para alimentar a criatividade e produtividade
Quantas vezes nos últimos tempos você parou para fazer nada? Isso mesmo, nada. Talvez você não saiba, mas fazer nada vai potencializar a sua produtividade e impactar positivamente a sua saúde mental.
Os números despertam o sinal de alerta. Segundo o Relatório Mundial de Saúde Mental de 2022, da Organização Mundial da Saúde (OMS), 53 milhões de pessoas desenvolveram depressão e 76 milhões tiveram ansiedade em todo o mundo só no primeiro ano de pandemia. Só no Brasil são 12 milhões de pessoas com depressão.
Neste cenário, o ato de aproveitar o ócio ganha ainda mais notoriedade. Ainda mais no último mês em que vivenciamos a campanha nacional Setembro Amarelo, voltada à prevenção do suicídio e aos cuidados com a saúde mental.
A psicóloga Sílvia Letícia, explica que vivemos em uma sociedade superestimulada, que valoriza em excesso a produtividade e desestimula o ócio, ou seja, a folga e o repouso. Sendo assim, fica difícil parar para o descanso visto que o mesmo pode gerar sensação de culpa e a falsa sensação de que se está “perdendo tempo”.
“Quando estamos muito estimulados, o cérebro não consegue ser tão criativo ou produzir, como muita gente imagina. Por exemplo, o dia de um adulto que trabalhou o dia todo. Ele chega em casa cansado, entende que precisa estudar e para ser mais produtivo vai entrar no seu tempo de sono. A seu ver isso parece muito produtivo, quando na verdade não é”, exemplifica a psicóloga.
Contudo, fazer nada não é fácil e de acordo com Sílvia isso acontece porque todos os ambientes que frequentamos, como trabalho, escola e faculdade, cobram produtividade e desempenho. “Assim fica cada vez mais difícil entendermos que isso é uma prioridade, pois parece perda de tempo, sendo que na verdade o ócio estimula a criatividade, promove o descanso físico e resguarda a saúde mental”, esclarece.
Como fazer nada
Sílvia Letícia afirma que é possível fazer nada através do mindfulness, “uma atividade de prestar atenção no momento presente, no que você está fazendo e para observar seu ambiente”.
Você também pode organizar seu tempo e reservar esse momento, entendendo que ele é importante dentro do seu dia.
A psicóloga ainda orienta: aprenda a não se culpar. “Compreenda que o ócio é importante para que depois você possa produzir e conseguir seus resultados almejados”, diz.
Se mesmo com essas orientações for difícil reservar um tempo para fazer nada, o indicado é procurar ajuda profissional. O psicoterapeuta ajudará na busca pelo autoconhecimento e na escolha das melhores estratégias para organizar o tempo o curtir o ócio.
CONTINUE LENDO →