Os dados comprovam o que a gente já ouve muito por aí: o brasileiro tem dormido mal e menos. De acordo com o Instituto do Sono, mais de 60% da população só de São Paulo sofre com problemas para dormir.
Os motivos variam. Mas a reclamação é generalizada. O que poucos sabem é que a posição em que estão deitando pode ter relação com isso. Segundo o fisioterapeuta Santiago Munhos, dependendo de como a pessoa dorme, ela pode desenvolver problemas na coluna, no pescoço e no ombro.
O especialista explica que o mais recomendável é dormir de lado, para não ter ação da gravidade na coluna. Mas vale destacar que quando se fala em dormir de lado não quer dizer na posição fetal, onde a pessoa se enrola, como se fosse um feto. Muitos estudiosos relacionam a posição à sensação de proteção e conforto materno. Mas ela também é prejudicial ao corpo. “O ideal é que a pessoa fique com o corpo quase que esticado, com um travesseiro em uma altura que não deixe a cabeça inclinada nem para baixo e nem para cima, e com um travesseiro entre as pernas, para alinhar melhor o tronco”, afirma. Para quem tem o sono agitado e acaba se mexendo bastante, a dica é que a pessoa se esforce ao menos para começar a noite nessa posição lateral. E aí, se acordar durante o sono, em outra posição, ela volta à original.
Santiago pondera que a pior posição para dormir é a chamada “queda livre”, quando a pessoa deita de barriga para baixo, com os braços na altura da cabeça. “Nesse caso, não há nada que possa ser feito para não prejudicar a coluna. A cabeça fica para um lado, mais tensa, e a coluna acaba sofrendo com a ação da gravidade”, afirma. Isso sem contar que, com a cabeça virada e o corpo reto, a pessoa pode sofrer com torcicolo, contratura muscular na região do trapézio, compressão de nervo na região do ombro, entre outras lesões.
De acordo com Santiago, quem dorme de barriga para cima, consegue tirar o travesseiro da cabeça e colocar um embaixo do joelho, tornando a posição menos desfavorável. “Nesse caso, vale um alerta para as pessoas mais obesas: dormir nessa posição pode atrapalhar as vias aéreas, fazendo com que quem está acima do peso ronque”.
Outra dica importante, bastante atropelada pela correria do dia a dia, é fazer exercícios de alongamento logo ao acordar. Santiago explica que eles são bons não apenas para a coluna, mas para o corpo todo. “Para a coluna só é mais interessante porque como você passou, na teoria, oito horas deitado, sem ação da gravidade, os discos estão mais lubrificados, com mais água, e fluem melhor. É quando se consegue um resultado mais eficaz no alongamento”, conclui.
Santiago Munhos é diretor da Santibras Fisioterapia, São Paulo. O profissional é formado em Fisioterapia, com pós-graduação em Fisiologia Biomecânica do Exercício e Esporte pelo IOT (Instituto de Ortopedia e Traumatologia) da Faculdade de Medicina da USP. Tem mestrado em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, e formação em diversos cursos como de RPG e osteopatia.
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