Oito em cada dez pessoas desconhecem que a alimentação evita danos nos olhos causados pelo sol.
Com a chegada de dias mais quentes a proteção dos olhos durante a exposição ao sol vai muito além do uso de óculos, chapéu ou boné. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, os cuidados com a visão devem começar na mesa com a inclusão na dieta de alimentos antioxidantes e outros nutrientes que aumentem a defesa metabólica dos olhos. O problema é que os prontuários de 670 pacientes mostram que 8 em cada 10 pacientes desconhecem quais alimentos protegem os olhos da radiação ultravioleta (UV).
Para que a alimentação tenha efeito protetor durante a exposição ao sol, quanto antes forem feitas alterações na dieta, melhor. “Não é de um dia para outro que o metabolismo altera”.
A dieta adequada, reduz o risco de contrair catarata, maior causa de cegueira tratável no país que está surgindo cada vez mais cedo na população. Prova disso é um estudo recente da FIOCRUZ que aponta a prevalência de 25% entre brasileiros com mais de 50 anos, contra a estimativa da OMS (Organização Mundial da Saúde) de 17% para quem tem de 55 a 65 anos.
Uma das causas desta antecipação é a exposição ao sol sem óculos que filtrem 100% da radiação UV. Isso porque, estudos comprovam que a exposição ao sol sem proteção aumenta em 60% a chance de contrair a doença. Outro fator, observa, é o excesso de luz azul emitida pelos celulares e computadores. Isso porque a catarata é a opacificação do cristalino provocada pela degeneração de suas células e a luz azul acelera este processo. O terceiro fator, ressalta, é o aumento no Brasil do número de portadores de diabetes, doença que dobra o risco de contrair catarata.
Ressecamento da Lágrima
Outra alteração ocular decorrente da falta de proteção solar que pode ser evitada com cuidados dietéticos é o ressecamento da lágrima. A falta de lágrima, causa fotoceratite, inflamação da camada externa da córnea. Os sintomas são vermelhidão e sensação de areia nos olhos.
A mais grave doença provocada pela radiação UV é a degeneração macular, maior causa de cegueira definitiva no mundo que atinge a porção central da retina responsável pela visão de detalhes.
Alimentação saudável
Para proteger os olhos dessas doenças, as principais recomendações dietéticas elencadas pelo NEI (National Eye Institute) dos EUA incluem:
- Cereais integrais, amêndoas, amendoim e avelã que funcionam como um bloqueador dos efeitos da luz solar por conterem vitamina E um potente antioxidante que evita a formação precoce de catarata e a degeneração macular.
- Cenoura, abóbora, mamão e goiaba por serem ricos em vitamina A nutriente essencial para a saúde ocular. O primeiro sinal de deficiência de vitamina A é a cegueira noturna e o ressecamento dos olhos que causa turvamento da visão. A deficiência também pode causar danos na retina com comprometimento permanente da visão e conjuntivite recorrente devido à queda da imunidade. Para melhorar a absorção é recomendável incluir na alimentação fontes de zinco como: frutos do mar, carne, ovos, tofu e gérmen de trigo.
- Semente de linhaça, sardinha e salmão que combatem o olho seco por conterem ômega 3, além de estarem associados a um risco reduzido de surgimento e progressão da deficiência da visão.
- Folhas verde-escuro, milho, cenoura, nabo que contêm luteína e zeaxantina substâncias encontradas em grande concentração na parte central da retina, a mácula. Protegem os olhos absorvendo o excesso de luz e por serem antioxidantes, evitam a aterosclerose, acúmulo de gordura nas paredes internas dos vasos oculares.
- Tomate, vinho tinto, frutas cítricas, mirtilo, amora por protegerem os olhos da catarata e degeneração macular pela ação antioxidante da vitamina C, além de serem ricos em flavonoides que garantem a boa circulação e saúde dos vasos oculares.
- Frutos do mar e castanha do Pará contém selênio e podem reduzir o risco de degeneração macular quando combinados a alimentos ricos em vitamina E, A e C.
Dieta perigosa
O consumo desses alimentos pode não resultar em boa saúde ocular se for acompanhado do consumo excessivo de açúcar, alimentos ricos em gordura saturada como as carnes bovinas e os derivados de leite. Também deve ser evitado o excesso de sal porque em grande quantidade o sódio pode depositar no cristalino e predispõe à catarata. Por isso, antes de consumir um alimento industrializado a recomendação é checar a quantidade de sódio no rótulo, para tornar a alimentação uma aliada de seus olhos.
Dr. Leôncio Queiroz Neto é oftalmologista do Instituto Penido Burnier.
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