Busca por produtos naturais desperta cada vez mais interesse, mas ainda há dúvidas sobre como distinguir cosméticos verdadeiramente naturais dos convencionais.

Se por um lado as pessoas estão mais conscientes sobre sua própria saúde e a saúde do planeta, por outro ainda há um longo caminho a percorrer para que todos possam tomar melhores decisões sobre os produtos que consomem. Apesar do aumento da procura por marcas naturais e ecologicamente responsáveis, ainda há uma carência de informações que permitam identificar prontamente quais produtos são, efetivamente, aquilo que dizem ser na rotulagem.

Para evitar levar “gato por lebre”, o primeiro passo é identificar os tipos de cosméticos disponíveis no mercado: natural, orgânico, pseudonatural e convencional. Entender a diferença conceitual entre cada um deles é importante, por exemplo, para reconhecer produtos que parecem ser naturais, apesar de apresentarem estes ingredientes em pequena porcentagem.

“Todos os cosméticos são compostos por cinco classes (tipos) de ingredientes: base, fragrância, aditivo, conservante e princípio-ativo. Cada um desses itens tem uma função específica na formulação do produto”, explica a dermatologista Patrícia Silveira, especializada em cosméticos naturais.

Desta forma, um produto é considerado “natural” quando todas as classes de ingredientes são formadas por itens advindos da natureza (vegetal, mineral ou animal), sem que tenham perdido suas propriedades originais no processo de fabricação. Os orgânicos possuem ingredientes naturais advindos de culturas orgânicas e biodinâmicas. Por isso, todo cosmético orgânico possui ingredientes naturais em sua composição, mas nem todo cosmético natural possui ingredientes orgânicos. “Podemos usar como exemplo o morango. Todo morango é natural, mas nem sempre é orgânico. A mesma analogia se aplica aos ingredientes naturais utilizados nos cosméticos”.

Nas formulações com ingredientes naturais e orgânicos, todos os conservantes, corantes e fragrâncias são de origem natural. Por exemplo, os óleos essenciais, muito utilizados nestes produtos, são conhecidos pela sua capacidade aromatizante, mas também atuam na conservação do produto e, muitas vezes, como princípio-ativo, devido às propriedades antioxidantes que possuem.

Os cosméticos pseudonaturais, por sua vez, embora frequentemente estejam posicionados como naturais, têm apenas algumas das classes de produtos – normalmente o princípio-ativo – com itens naturais. “As demais são formadas por elementos sintéticos, geralmente derivados do petróleo”.

Por fim, produtos convencionais são integralmente formulados com ingredientes artificiais. Nestes, o uso de parabenos e outros conservantes, como glicóis, BHT (hidroxitolueno butilado) e EDTA (ácido etilenodiamino tetra-acético), são frequentes. Estudos recentes publicados em periódicos internacionais de grande relevância (como Journal of Pharmacy and Pharmacology, Environmental Medicine, Institute of Pharmacology Polish Academy of Sciences e Polish Archive of Internal Medicine) mostram que estas substâncias são tóxicas para o organismo, podendo causar reações alérgicas e outros problemas à saúde.

Saber diferenciar os cosméticos é importante por várias razões. A primeira, e mais óbvia, é que produtos naturais e orgânicos são biodegradáveis e seu uso gera menor – ou nenhum – impacto ao meio ambiente. Outro motivo é que a pele, maior órgão do corpo, sente a diferença e sofre com as consequências da escolha do que é aplicado nela.

“Os cosméticos naturais possuem uma formulação mais suave, com ativos anti-inflamatórios, calmantes, e ricos em antioxidantes naturais presentes em inúmeros extratos e óleos vegetais. Além disso, abusa da biodisponibilidade (que diz respeito ao percentual de aproveitamento, pelo organismo, de uma substância), com ingredientes que atuam de maneira mais sinérgica, promovendo benefícios reais. Considerando que de 60% a 70% do que passamos na pele é absorvido e cai na corrente sanguínea, é fundamental sabermos o que aplicamos nela.”.

Ativos derivados do petróleo não apresentam boa penetração na pele e não têm gordura rica em substâncias antioxidantes e regeneradoras. “Em compensação, os óleos vegetais são ricos em vitamina E e tem uma ótima penetração. Por isso, promovem uma hidratação mais eficaz, levando os benefícios antioxidantes dos ácidos graxos às camadas mais profundas da pele, deixando-a mais saudável, com maior elasticidade e resistência”.

Diferenciar as várias opções de cosméticos pode ser um desafio. O primeiro passo é procurar por certificações que atestem a origem de produtos naturais e orgânicos. Os principais são o Natrue, IBD, Ecocert e USDA. Além disso, decifrar a indigesta lista de ingredientes é fundamental para reconhecer quais sãos os principais itens sintéticos, compostos principalmente por derivados do petróleo. “Já existem alguns aplicativos, como o EWG’s Healthy Living, que têm como objetivo ajudar a reconhecer a origem dos componentes de muitos produtos”.


Dra. Patrícia Silveira é dermatologista especializada em cosméticos naturais e parceira da Weleda, líder e pioneira mundial no desenvolvimento de cosméticos com ingredientes naturais, de cultivo orgânico e biodinâmico. Fundada em 1921, está presente em mais de 50 países, em todos os continentes. No Brasil desde 1959, possui 62 cosméticos e 22 medicamentos que podem ser encontrados em grandes redes de farmácias, farmácias Weleda, farmácias de homeopatia, além da loja online. www.weleda.com.br

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