Um estudo recente da Universidade Wake Forest, nos Estados Unidos, investigou o uso de insulina administrada por spray nasal como uma possível forma de tratar o Alzheimer em idosos, com resultados promissores. A pesquisa contou com a participação de 16 voluntários com idade média de 72 anos — sete com cognição normal e nove com comprometimento cognitivo leve. Por meio de exames de imagem com contraste, os cientistas comprovaram que a insulina atingiu diretamente 11 regiões do cérebro, incluindo o hipocampo, a amígdala, o córtex olfativo e o lobo temporal, áreas fundamentais para a memória e a cognição.

A professora Suzanne Craft, coordenadora do estudo, afirmou que os resultados ajudam a entender como a insulina intranasal alcança o cérebro, preenchendo uma lacuna crítica de conhecimento sobre essa via de administração. Ela ressaltou que a resistência à insulina é um fator de risco para o Alzheimer, o que torna relevante explorar esse tipo de tratamento.

Os pesquisadores observaram diferenças na forma como a insulina foi absorvida pelos cérebros dos dois grupos. Os participantes com comprometimento cognitivo leve absorveram a substância mais rapidamente, mas também a eliminaram mais rapidamente. Já os indivíduos com cognição normal mantiveram a insulina no cérebro por mais tempo. Entre as mulheres, aquelas com melhores indicadores cardiovasculares apresentaram maior captação cerebral da insulina, enquanto níveis elevados da proteína pTau217 — associada ao Alzheimer — foram ligados a menor absorção do medicamento em diversas áreas do cérebro.

O spray nasal utilizado no estudo foi aplicado com um sistema de seis jatos desenvolvido pela empresa Aptar Pharma, que também patrocinou a pesquisa. Os participantes relataram que a aplicação foi simples, e apenas dois apresentaram efeitos colaterais leves, como dor de cabeça, que desapareceram em menos de 24 horas.

O estudo foi publicado no início de julho na revista científica Alzheimer’s & Dementia e representa um avanço importante ao demonstrar que a insulina pode ser administrada diretamente no cérebro sem necessidade de métodos invasivos. Os pesquisadores planejam agora expandir o experimento com um número maior de participantes, para avaliar com mais profundidade como fatores como fluxo sanguíneo cerebral, sexo e presença de proteínas amiloides afetam a distribuição da insulina.

Ainda em julho, uma equipe da Universidade do Texas apresentou outro spray nasal experimental contendo nanopartículas capazes de atravessar a barreira hematoencefálica em camundongos. Esse composto mostrou-se eficaz na eliminação de emaranhados de proteína tau nos neurônios — outra marca registrada do Alzheimer — e pode representar uma estratégia promissora para conter a progressão da doença, embora os testes ainda estejam em fase inicial e limitados a modelos animais.

Esses avanços indicam que tratamentos nasais não invasivos, como os que utilizam insulina ou compostos que atuam sobre proteínas específicas, podem se tornar terapias viáveis para o Alzheimer no futuro, incentivando a realização de estudos clínicos mais amplos e aprofundados.

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